terça-feira, 27 de setembro de 2011

O meu,o seu, os nossos...ouvidos!

"O meu direito termina quando começa o seu".Frase antiga que me remete a um ciclo vicioso.Pensar nela e em suas implicações sempre me causa dor de cabeça...
Ontem estive numa situação de direitos múltiplos (e bastante desagradável, diga-se de passagem).Subi no ônibus(lotado e em horário de pico) e tive o primeiro contato com o som.Na caixa,uma música de Paula Fernandes.Era o player do motorista...
Me encaminho para o centro do coletivo e a até então,predominante música de Paula Fernandes encontra resistência no pop de Lady Gaga.Era o player de um passageiro...
Esperançosa de que houvesse uma "luz no fim do túnel"(ou melhor dizendo, do ônibus),sigo rumo aos últimos assentos, porém a situação naquela parte do ônibus se revela muito pior do que qualquer uma antes vivenciada: Swingueira e Gospel disputavam o mesmo espaço!Eram os players de dois passageiros...
Timidamente coloquei meus fones de ouvido,inultimente,claro.Tudo o que continuava a ouvir eram músicas apelativas e de duplo sentido misturadas à muita pregação e louvor.A Torre de Babel dos tempos modernos.Assim foi durante mais da metade do trajeto...
Não entendo qual a dificuldade em conectar um fone ao celular, levá-lo aos ouvidos e ser feliz privativamente.Não sei como as pessoas não se sentem incomodadas por impor aos outros uma música que carrega tanto gosto pessoal.Sentar ao lado de alguém com um som no último volume ultrapassa as barreiras da educação e beira a ofensa.Um estupro ótico!
Seu direito de ouvir música alta nos coletivos termina quando sento ao seu lado.E isso serve também para motoristas, cobradores e fiscais de ônibus.Ninguém pode ser priveligiado nesses casos...
Interessante que nunca ouvimos música de qualidade nos ônibus.Sei que se trata de gosto pessoal determinar o que é e o que não é boa música mas, definitivamente, "Gaiola das Popozudas","Trio da Huanna" e "Garota Safada" em alto volume não são os exemplos mais adequados de música de qualidade.
Temendo conflitos, não podemos (ou nos sentimos amedrontados e desconfortáveis) simplesmente pedir para que as pessoas usem fones de ouvido.É uma situação complicada de lidar.A solução?Uma simples plaquinha (ou quem sabe um decreto!) proibindo o uso de caixas de som ou celulares em viva-voz dentro dos coletivos.
Os ouvidos das pessoas de bom senso agradecem!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Onde as crianças estão seguras?

Em tempos idos, casa era sinônimo de segurança para todos,sobretudo, para as crianças.Já não se pode confiar cegamente nessa teoria e, apesar da frequência com que acontecem casos em que o inimigo está dentro da própria casa, é impossível não acender o sinal de alerta!

Mas quem é este temido inimigo?O padrasto pedófilo,o pai alcoolatra,a mãe violenta,o irmão impediedoso, o computador. O mundo se pergunta o que está acontecendo consigo e tentamos insistentemente entender os rumos das relações humanas,sem sucesso.O prazer de destruir uma infância é desconhecido pra mim.Simplesmente não compreendo como para alguns isto é prazeroso.

O caso que mais impressiona, certamente, é o poder que uma máquina, conectada a uma rede mundial,tem de mudar um destino.As famílias buscam os problemas lá fora, quando na verdade, eles se iniciam no quarto ao lado,emoldurados por uma tela de 17 polegadas.

E aí, já sabemos o rumo da história, que sempre acaba nos noticiários, com crianças (e adolescentes, por vezes, até adultos) abusados e destroçados por ilusões oferecidas por desconhecidos através da internet.Você pode até pensar:"Como essas pessoas caem nessa?",mas nunca poderá prever se isso acontece ou acontecerá entre os seus.

Quando abrimos as portas de nossas casas, nos expomos, e aqueles que vivem conosco, à situações adversas quando, em geral, a realidade nos comprime ao conselho:"Não confie sequer em sua sombra",que dirá na do vizinho...Esta semana uma adolescente baiana foi assassinada à facadas por seu vizinho obssessivo. O homem, que nega as acusações e não aparenta ter problemas mentais, mantinha uma paixão platônica pela menina que, no auge de seus 14 anos, sequer sonhava que o perigo morava ao lado,literalmente.

A vida segue seu curso e aí,quando os pais mandam seus filhos para a escola, encontram a incerteza do retorno, que aparece não só no trajeto casa-escola mas, principalmente, dentro dela.Bullyng, ataques de professoras,alunos violentos, falta de segurança, ingresso de estranhos nas dependências da escola...Não se sabe como conseguir manter o coração tranquilo.

O problema, nesses casos, não é de gestão(ou falta dela).O problema consiste nas transformações sociais.As mentalidades estão cada vez mais darwinistas(aquela coisa de que o mais forte sobrevive,base sólida do temido bullying),as pessoas estão cada vez mais doentes mentalmente e os acessos à vida alheia, a vigília digital, estão cada vez mais expansivos.E isso parte tanto do lado da vítima quanto do agressor:ambos se encontram em situação de fragilidade,seja ela qual for.A única (e gritante)diferença é que a fragilidade da vítima é justificável, a do agressor,não!