Em tempos idos, casa era sinônimo de segurança para todos,sobretudo, para as crianças.Já não se pode confiar cegamente nessa teoria e, apesar da frequência com que acontecem casos em que o inimigo está dentro da própria casa, é impossível não acender o sinal de alerta!
Mas quem é este temido inimigo?O padrasto pedófilo,o pai alcoolatra,a mãe violenta,o irmão impediedoso, o computador. O mundo se pergunta o que está acontecendo consigo e tentamos insistentemente entender os rumos das relações humanas,sem sucesso.O prazer de destruir uma infância é desconhecido pra mim.Simplesmente não compreendo como para alguns isto é prazeroso.
O caso que mais impressiona, certamente, é o poder que uma máquina, conectada a uma rede mundial,tem de mudar um destino.As famílias buscam os problemas lá fora, quando na verdade, eles se iniciam no quarto ao lado,emoldurados por uma tela de 17 polegadas.
E aí, já sabemos o rumo da história, que sempre acaba nos noticiários, com crianças (e adolescentes, por vezes, até adultos) abusados e destroçados por ilusões oferecidas por desconhecidos através da internet.Você pode até pensar:"Como essas pessoas caem nessa?",mas nunca poderá prever se isso acontece ou acontecerá entre os seus.
Quando abrimos as portas de nossas casas, nos expomos, e aqueles que vivem conosco, à situações adversas quando, em geral, a realidade nos comprime ao conselho:"Não confie sequer em sua sombra",que dirá na do vizinho...Esta semana uma adolescente baiana foi assassinada à facadas por seu vizinho obssessivo. O homem, que nega as acusações e não aparenta ter problemas mentais, mantinha uma paixão platônica pela menina que, no auge de seus 14 anos, sequer sonhava que o perigo morava ao lado,literalmente.
A vida segue seu curso e aí,quando os pais mandam seus filhos para a escola, encontram a incerteza do retorno, que aparece não só no trajeto casa-escola mas, principalmente, dentro dela.Bullyng, ataques de professoras,alunos violentos, falta de segurança, ingresso de estranhos nas dependências da escola...Não se sabe como conseguir manter o coração tranquilo.
O problema, nesses casos, não é de gestão(ou falta dela).O problema consiste nas transformações sociais.As mentalidades estão cada vez mais darwinistas(aquela coisa de que o mais forte sobrevive,base sólida do temido bullying),as pessoas estão cada vez mais doentes mentalmente e os acessos à vida alheia, a vigília digital, estão cada vez mais expansivos.E isso parte tanto do lado da vítima quanto do agressor:ambos se encontram em situação de fragilidade,seja ela qual for.A única (e gritante)diferença é que a fragilidade da vítima é justificável, a do agressor,não!
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